terça-feira, 18 de outubro de 2011

Deuses, há meses que não posto

Texto bem bosta escrito em meia hora. Cadê a inspiração, me diz?
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Ah, se soubessem, em sua juventude, que se tornariam exatamente o que queriam. Que teriam suas vidas pacatas de cidadãos, tudo o que mais desejavam, da forma mais ignóbil possível.
O homem vestindo terno, trabalhando 12 horas por dia em um emprego de que não gosta, voltando para um apartamento frio, solitário, seus filhos já dormindo. Esquentando sua comida, sem ter com quem jantar, a gravata lhe apertando o pescoço. Olhou-se no espelho, não reconheceu o adulto acinzentado que havia se tornado. O que havia acontecido? Seguira todos os planos. Tinha dinheiro, moradia, conforto, estabilidade. Mas faltava algo.
A mulher trabalhava para manter todos felizes, esforçava-se para conservar uma família unida e alegre. A dificuldade crescia com o tempo: enquanto seu marido trabalhava mais e mais a cada dia, os filhos lutavam para serem reconhecidos por um pai pouco presente, cresciam e batalhavam para conquistar o que seus pais não alcançaram.
Se o casal soubesse, teriam tentado mais, se arriscariam, viajariam, festejariam, conheceriam o mundo, descobririam a si mesmos juntos, amar-se-iam como nunca o fizeram. Se vivessem de fato, se conheceriam. Ainda assim, ao olharem-se nos olhos sabiam que se completavam, que superariam a incerteza de suas vidas, que seriam felizes no fim, apesar do meio tortuoso por que passavam.
Criaram o mundo que desejavam para si, mesmo que não fosse o que esperavam. Tudo o que poderiam fazer agora era apoiar os filhos, dá-los o quê aqueles não tiveram, fazê-los ver o mundo de forma diferente, ampla, libertá-los do desejo mundano por dinheiro e fazê-los buscar a real necessidade: a cultura, a educação, o conhecimento e, ainda mais importante, o amor.

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