domingo, 26 de setembro de 2010

L.

Tanta gente me perturba. A multidão caminha ao meu redor, estou de pé no centro de meu inferno próprio. Fecho os olhos, imagino a tão sonhada paz.
-Ei, ei. - a voz grossa e persuasiva chama. Abro os olhos azuis como mares. Os dele, verdes, encaram-me. - o que você está fazendo?
Balanço a cabeça, indicativo de que nada faço. Sinto o chão frio através do fino solado dos sapatos. Ouço a chuva cair na marquise lotada. O cheiro de pessoas é forte. Suor, pressa e alienação. “Eu poderia não estar aqui”, penso comigo. Orbes cerradas, novamente.
Nos aproximamos mais, sem espaço para que tamanho grupo humano fique confortável em semelhante lugar. Nossos rostos se acercam.
A cidade grande – com suas roupas escuras e seu cheiro de trânsito – desaparece. Sinto a grama fofa sob as solas nuas dos pés. Acordo em nova dimensão. Ao redor, uma campina clara. A natureza reflete meu estado de espírito. O odor adocicado de madressilvas me envolve completamente. Uma coroa de flores cobre-me a tez, um leve tecido branco veste meu corpo. Sinto o leve toque da mão macia em minha face alva como as nuvens. Vejo a imensidão das esmeraldas de seus olhos. O vento sopra meu cabelo, tão dourado quanto o sol, em nossas faces. Ele me envolve em um abraço.
A calmaria de meu céu pessoal é interrompida pela manada feroz de pessoas que invade a cena. Ele é puxado para longe, voltamos à cidade. Percebo que ainda estou de olhos fechados. Abro-os lentamente. Pessoas apressadas correm de loja em loja, suas pastas sobre a cabeça, fugindo das grandes gotas que caem do infinito acima de nós. Ele segura minha mão, mas nossos lábios se separaram. Como um beijo pode surtir tanto efeito em alguém?

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 Um pouco de sentimentalismo pra esse blog sem-coração. Inspirado em Chord. Espero que goste(m), se é que tenho leitor(es). 

Beijos, até mais ver. Ou ler, que seja.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Não sei escrever.

Bom, estou feliz, o que significa que não consigo escrever nada de bom. postando um texto velho só por postar.


Untitled

Vejo pessoas. Vejo fantasmas, robôs, monstros. As orbes vazias de seus olhos metálicosme encaram. Seus sonhos vazios, quebrados desde o principio, escorriam pelos ouvidos. As faces, aparentes, transparentes, cobertas por máscaras mortas, não exibiam realidade, apenas a falsa felicidade. Segredos secretos, contados a todos. A alegria triste brilhava em seus olhos azuis e vazios, que diziam tanto. Seus lábios formavam verdades, seu cérebro lhe dizia mentiras.
 Ela entendia a vida, não é mesmo? Aquela coisa mecênica, presente em todos? Sangue, ar, coração. E quanto ao cérebro? Todos pensavam igual, acreditavam no amor, na perfeição. Era tudo criação? Não, não. A sociedade implantava na mente de todos a futilidade, formada de verdades aumentadas. Mas ela via.
As mãos foram ao céu, praguejando a vida. Não ligava mais. Por quê deveria ser o mesmo que todos? Arrancou a máscara com o sorriso bobo e falso do rosto, e pôs um real sorriso. Alegria desvairada corria em suas veias. Fez o que quis, dançou sozinha, gritou, falou asneiras, não se importou. Era feliz. Pela primeira vez foi vista de verdade. Sabiam o que era, mas poucos gostavam de admitir que era melhor a sinceridade.