Algumas palavras não pertencem ao seu significado. Elas não cabem ao que designam, não servem pra dizer o que é desejado. Lia hoje Veríssimo – sua crônica, “Defenestração” - quando senti que era meu dever copiá-lo. Sua ideia era brilhante demais. Não pude ser parada. Bom, vamos tentar alguma linearidade aqui.
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A mulher se chamava Aletria - nome dado em homenagem a Princesa da Pérsia - e vivia bem, em uma casa funfulhada de mobília. Seu marido, Selênio, estava indisposto naquele dia. Era Alfajór Real – comandante de um navio inglês – e não poderia viajar. Sua mulher lhe preparava um chá de Sicofanta, a erva amazônica que diminuía a náusea.
-Aletria, traga-me o patusco, acho que vou vomitar. - ele pendeu a cabeça para o lado, tentando conter o enjoo. Não adiantou, todo o insopitável que ele comeu no almoço saltou de sua boca e foi parar direto dentro do patusco que a mulher lhe havia trazido. - acho que o que me fez mal foi o que comemos no almoço.
Comeram arroz e frango com asco – um tempero indiano famosíssimo. Aletria também não se sentia muito bem, mas não comentaria isso com o homem. Chamara um Sacripanta – padre do alto clero - pra ungir sua casa e família. Afinal, é para isso que serve a igreja. Este lhe dissera que as vacas sagradas indianas, as Sevandijas, são a melhor forma de proteger a morada contra infecções intestinais. Comprou uma.
No dia seguinte, o Alfajór Selênio sentia forte dor nas gengivas. Procurou um Mastodonte para descobrir a gravidade de seus problemas dentários.
- É grave, Doutor?
- Muito – ele franziu o cenho, preocupado – o senhor terá de fazer uma operação de bilontra.
- E ela é complicada?
- Um bocadinho. Teremos que abrir duas interceptações em sua gengiva e bilontrar a parte superior delas. - ele esgrouvinhou os lábios um pouquinho – não deve demorar mais de duas horas.
- Faremos, então.
Semanas depois, o Alfajór, já melhor de saúde, voltou a trabalhar. Sua mulher, Aletria, nunca mais usou asco como tempero. A vaca Sevandija pastava feliz nos campos da casinha do interior em que moravam. A consuetudinária paz voltou a suas vidas.
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Não me agradou tanto quanto esperava. Desaprovem, por favor. Acho que vou dormir, beijos.
adoreeeeeeeeeeeei
ResponderExcluirA vaca Sevandija pastava feliz nos campos da casinha do interior em que moravam HAHAHAHAHA
ResponderExcluirdesaprovo.
ResponderExcluirconcordo com o anônimo.
ResponderExcluirsou o anônimo
ResponderExcluirbeijos,
Luiza
(tive que postar pra rir do alfajor, isso é um doce, não seria alferes o cargo?)
Brincando com palavras: sei que alfajór é um doce, Sevandija é um parasita, sicofanta é patife, etc. :D
ResponderExcluirHahaha, aprovo! Recomendo, no mesmo estilo, "Palavreado" e, ainda melhor, "Mais palavreado", os dois também do genial Luís Fernando Veríssimo. Descobri o segundo no livro "Desacordo Ortográfico", recheado de crônicas que fazem tanto sentido quanto essas
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